sexta-feira, 21 de setembro de 2012

o anjo pagão e o amor

(...) e quando percebi já estava caindo pro desconhecido, tentando me agarrar em meus medos feitos de galhos secos, frágeis, que quebravam conforme uma imensa força me puxava.
Quando dei por mim e olhei pra baixo, vi que na verdade estava subindo e que a força que me puxava não era física... era o amor.
Foi quando de fato me apaixonei por um anjo... De pele branca, cabelos negros ornados a estrelas, olhos grandes e convidativos e uma boca que falava palavras pagãs sobre o nobre sentimento.
É num misto de santidade e doses de maldade com baixo teor alcóolico onde encontrei a perfeição.

dedicado à um anjo...

terça-feira, 10 de julho de 2012

dispersos as 4am

são 4:00 da manhã...
desse tempo todo rolando na cama
mal consegui pregar o olho.

que foda...
daqui a pouco deveria acordar pro trabalho,
mas não sei como acordar sem dormir.
sou metódico pra caralho.

faço exatamente o que não deveria:
levanto e vou tentar curar essa abstinência...
minha cabeça dói,
meus pensamentos estão dispersos...
oxitocina maldita.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

lapsos de calor, febre, filme e miojo

ontem estava frio,
de fato, muito frio...


agradeço por hoje ser feriado:
acordei baqueado,
tossindo...


é um bom dia pra comer miojo
e assistir aquele filme triste que ela me emprestou


acho que foi ontem (ou já era hoje?)
que ela me deu um disco em mãos,
me pedindo pra ter cuidado...
era seu filme preferido...
é pouco, mas é tudo que sei...


o restante ficou preso
em cada minuto daquelas 3 horas,
parado no tempo,
que mal percebi passar,
em que mal senti o frio de fora...


lembro em flashes de um certo calor
em algumas partes do meu corpo,
por debaixo da minha roupa,
na ponta da minha língua e nas mãos...


ponho a mão na testa...
vai ver é febre...


acordei baqueado,
tossindo:
agradeço por hoje ser feriado.
assim aproveio melhor a lembrança.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

shot #17 cidadela nebular

o desfocar dos postes,
as ruas vazias sob o fog
definem o limbo instalado aqui,
em minha cidade.
pequena cidade
de noites frias, melancólicas,
bondosa pros amantes,
sádica com os sozinhos.

terça-feira, 29 de maio de 2012

meretrício

nunca mais havia prestado atenção nesse caminho...
me parece tão batido...
decerto a paisagem é a mesma desde muito.
mas, ainda me impressiono com esses rostos cansados,
desses trabalhadores, solitários,
prostituindo o ambiente com sua melancolia...
e segue são paulo com suas ruas cheias de amor.
amor, não de uma mãe,
mas de suas putas gélidas,
de ventre e bolso vazios...

quarta-feira, 23 de maio de 2012

que seja

já me acostumei, sabe...
com esse medo
que as pessoas têm de mim.
não sinta-se especial por isso.
pois, que diferença faz uma gota no temporal?

e quanto a minha frieza com as coisas:
devem me achar indestrutível,
que não sinto, ou não tenho tato...
mas, no fundo, sinto,
(ao menos, tento)
pena de você.

pensando bem...
foda-se...
whatever...

sexta-feira, 11 de maio de 2012

shot #16 olho seco da capital

enquanto observo a bandeira tremular,
aqui no olho seco da capital,
penso na ordem, no progresso e no caos
dentro de minha cabeça
e de toda essa gente escrota
que aqui prolifera...
e no fim das contas,
todos tão iguais.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

shot #15 phoresìa

você acha que me engana,
eu finjo que sou enganado...
eu estou certo que tu sabe disso,
mas tu finge que não sabe de nada...
entendo que não pareça,
mas, é isso que nos mantém,
por isso não sofremos
nem ficamos ofendidos...

quarta-feira, 2 de maio de 2012

bordeaux pt. II

é um fim de tarde...
e essa vermelhidão...
me parece ter ganhado o céu novamente...

uma chama rubra, arcada e frívola,
no horizonte,
se atreve a invadir os vãos entre os dedos
que revelam meus olhos, lentamente,
com certa timidez.

mas, não pense que sua grandeza e calor,
vai simplesmente queimar e sumir no mar.
é um fim de tarde...

e quero que teu corpo, ardente, insinuante,
presencie a noite deitar sobre o dia,
e a lua ganhar altura sobre sua erupção solar,
dominando sua vontade de ganhar o firmamento...

e quando o dia amanhecer tudo cessa,
e esse jogo recomeçará.
é um fim de noite...


trilha sonora: portishead - sour times

sexta-feira, 27 de abril de 2012

shot #14 particular hell

hoje roí unhas como nunca...
não sei ao certo o que me incomoda,
sei apenas que é preciso sumir um pouco
antes que isso, de fato, me consuma

quarta-feira, 18 de abril de 2012

what it takes to decide

sei, pareço brincar com sua seriedade.
tenho o dom do disfarce,
mostrar a face que lhe sorri um "sim",
com toda assertividade de um "quem sabe"!

é confuso, porém divertido,
um mistério
causado pelo próprio instinto,
protegendo a mim,
meus segredos
guardados num baú:
meu peito.

e desse incômodo
aproveito então pra rir,
extrair de nós o siso,
sorrir pra mim,
de minha própria confusão.

mas, não é maldade,
eu acho...
culpa dos tantos caminhos,
das consequências, pessoas,
das vontades...
reticentes, "tripontilhadas"...
que dizem tudo ao não dizer nada.

e postos estes meus vícios
sob qualquer tentação,
almejo a sabedoria
mantendo pertences aqui,
bem guardados,
aguardando a melhor hora
pra colidir minhas escolhas
contra minhas indecisões.


dedicado a Tarciane Vieira
trilha sonora: silverchair - do you feel the same

domingo, 18 de março de 2012

bordeaux

vermelho...
não importa o que vista,
pense ou diga,
essa é a única cor
que vejo em você


de tudo que ela representa
o poder, o domínio,
a guerra, o sangue,
é sobretudo seu rosto,
seu corpo que sinto,
um toque de veludo


me provoque mais
como sempre fez...
gosto quando me olha,
penetrante
sua cor (vermelha) espalha por mim,
pelos seus lábios, o batom,
calafrios
e vontade de tê-la
toda em minhas mãos


e chega um momento
não sei quem domina,
quem é dominado
é um jogo,
tudo é permitido,
os dois lados ganham
ditado o rítimo da competição,
o prazer que ela traz,
à mim e à você...

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

smooth burning cigarrettes

mesmo sabendo que não fumo,
sei que há pouca cena mais bonita
que seus lábios envolvendo um cigarro
como estivessem, imagino,
envolvendo a mim.
deixo me levar pela plastia de tal momento
você, aquela pequena brasa,
já em uma só coisa
que queima e esfumaça
passa por entre os dedos,
o corpo, a cama, o ar.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

shot #13 sequel to a sequel

não se ofenda, é coisa minha
não espero nada, nem ninguém
uma sequela de luas passadas, eu acho...
"e daí?", perguntou-se...
bem... quero uma outra noite
um trago dela
minimalista...
novamente

easily unexpected

pouco sono,
contos interessantes,
numa noite agradável.

não pelo café que tomei,
o jornal velho que li no trampo,
ou a previsão do tempo que vi.

fácil como um sorriso,
exatamente como não esperava e
mais belo que imaginava

domingo, 22 de janeiro de 2012

shot #12 triumphed failure

chega um momento em que você olha pra trás, diante de tudo o que não fez, e finalmente percebe que tentar e fracassar é, na verdade, também um grande triunfo...

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

physics of decay

e de repente você se depara
com seu próprio alicerce
e cada bloco, uma lembrança,
se desfaz como a areia 
que passa fria por entre os dedos,
se pergunta os porquês da vida,
pensa que tudo é mentira bem contada

eis que a noção chama 
"e essa bagunça?"
fotografias rasgadas, espalhadas pelo chão,
meias verdades caindo como folhas de outono
reconstitui tua fortaleza 
que isso tudo que desmoronou
era apenas um muro que protegia
aquilo que não engana mais


essa ilusão pertence a quem a vê: Juliane Corrêa (a.k.a. Juju) 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

trophy

roupas espalhadas no chão
pedaços de nós
de uma noite intensa

marcas em minhas costas
eternizadas por suas unhas
seu troféu de guerra
bem como seu gemido foi pra mim
motivo de glória

eu não fumo...
você sabe que não,
nem tenho sono agora,
mas não me incomodarei se você dormir
ou se acender um cigarro
enquanto fala

impulsive

perdoe-me
sou fraco pra certas coisas
você sabe disso

veja bem
vê se não me provoque muito
tendo a ser corajoso
mesmo sóbrio
pois não exito em alimentar certo vício
que você ajudou a criar

não sei
mas acho que isso é do meu hábito
intenso
querer te devorar até o último milímetro de seu corpo
afinal, cada parte sua, um sabor diferente
uma nova sensação

não me pergunte até onde
a única coisa que sei é que não vou parar
até me dar por satisfeito
até ter realizado tudo o que anseio
quando vejo você passando
se insinuando
pra me provocar