sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

vem

me obedeça ao mandar
tu sentar no meu colo,
tu rebolar.
faz de mim mestre.
seu titereiro.
guarde as perguntas
e apenas obedeça...

só vem, meu bem,
abaixa as calças
e sobe em mim.
deixa sair daí
essa puta devassa,
essa vadia safada
que reside, adormecida,
em você.

domingo, 19 de abril de 2015

fast-forward

deixei meus restos no passado.
troquei as roupas que remendei por tantas vezes
até não me caberem mais.

senti com o abandono de algumas ideias e pessoas,
amigos e amores fugazes,
tolices que vinham em tempos me assombrar.
com pesar, tive que deixar estar até que elas fossem embora sozinhas
levando junto todas as minhas dúvidas.

então andei distraído pela terra dos perdidos por um tempo
sem saber que o que queria estava ainda por chegar

tratei de guardar meu corpo,
manter minha mente sã e ocupada pra não pirar,
e preparar meu coração pra tudo aquilo que viveria em breve.

fui perseverante, insistente e tenaz.
bati de porta em porta no corredor das oportunidades.
me provei e me venci.
conquistei a mim mesmo em primeiro lugar.

olhei pra trás ao notar uma sombra que me seguia...
me vi mais novo e menos vívido
com aquela cara abobada.

acenei me dizendo "adeus".
e não voltei mais.
agora, apenas sigo em frente.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

libertini pt. I

por entre flashes de celular,
latas de cerveja vazias,
risadas e confusões,
eu prestava atenção em todos seus movimentos.

queria saber o que ela queria.
esta era a segunda vez que a encontrava
desde que a seduzi e a beijei naquele bar.

encerrada a festa as pessoas se dispersam:
hora de partir.
senti a chegada da despedida no portão.
me preparando pra voltar ouvi, de sua boca,
a palavra mágica... "entra".

senti um frio na barriga
enquanto caminhavamos até seu quarto,
e na espera, minhas dúvidas se misturavam
com a vontade de arrancar suas roupas.

ocupamos nossas bocas de beijos
que traduziam em estalos o que nossos corpos queriam.
no escuro as mãos perdidas procuravam o que desabotoar um do outro.
desabotoavam e jogavam tudo pro alto.

aos poucos o quarto se desarrumava,
com as roupas no chão, e cobertas reviradas.
agora as mãos já sabiam exatamente onde encontrá-la,
deslizavam por sua pele lisa, em todos os cantos.
encontravam a firmeza de seus seios e lá ficavam,
enquanto minha boca e língua degustavam outras regiões
descendo devagar por seu relevo curvilíneo.

experimentamos em ritmo cadenciado,
quase ensaiado,
uma serie de cenas ao som de poucas falas, e gemidos sussurrados.
até que cansado, eu caía ao seu lado rumo aos sonhos.

ao acordar, com a luz invadindo a janela,
ela ainda dormia junto a mim.
pude ver agora tudo aquilo que havia tocado na escuridão.
"delícia de mulher", pensei,
e me enrosquei em seu pescoço, às lambidas,
afim de acordá-la e começar tudo de novo.
e de novo... e de novo...

ao final de tudo,
nos encaixamos e nos olhamos por vários minutos..
dava risada de como ela sorria
e quando comentava sobre os nossos barulhinhos durante o ato.

aproveitei cada minuto.
perdi totalmente a noção das horas
e quando vi já era tarde....
eu ia embora,
com as promessas e dívidas de um retorno,
enquanto isso, ela pedir pra eu ficar.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

dopamina

o primeiro gole de cerveja,
o ponto alto de uma boa música,
o derreter do chocolate na boca.
as tantas as formas de obtê-lo.

o prazer...
se dissolve no cérebro,
domina lascivamente o resto do corpo.

como faria um viciado em heroína,
há aquele que escolhe intervenções simples:
um shot de dopamina direto nas veias,
acabando assim, por segundos,
o sofrimento de quem espreita a chegada do nirvana.

quanto a isso,
prefiro aplicação mais demorada, criativa e eficaz.
aquela que nasce de um olhar mais profundo,
se desenvolve na complexidade do convencimento,
cresce no contato dos lábios,
atinge seu ápice na violência do choque entre dois corpos.

a inebriante sensação de alívio
das roupas flutuando antes da queda,
dos movimentos frenéticos e desesperados.
o roçar das peles misturando suas cores.
a força e as unhas deixando seus rastros.

vou assim me diluindo
em doses ascendentes de arrepios
e enquanto o fim não chega
aproveito cada gota de suor,
cada palavra ao meu ouvido,
como se fosse a última.

no desfecho, não resisto:
deixo meu cérebro dominar lascivamente,
novamente, o resto do meu corpo...

e na abstinência disso tudo
necessito tratar meu vício...
ou continuo a alimentar?