sábado, 10 de dezembro de 2016

asfalto e sangue quente

me atrai sair de casa ao olhar janela afora.
o asfalto do alto parece um tapete negro,
iluminado pelos holofotes amarelados dos postes.
me atraem as luzes vermelhas e alaranjadas piscantes,
os semáforos nos cruzamentos...
todos esperando minha presença passageira e veloz.

costurar o trânsito em minha fixed gear,
entre os corredores móveis que os carros formam.
sentir adrenalina em correr riscos:
a iminência de qualquer porta abrir
transformar meu desfile em tragédia.

as rodas vibram nas imperfeições do chão de piche,
transmitem ao quadro de aço suas aflições,
que por sua vez me conta suas duras e frias angústias.
um maquinário completo e indivisível
- de metal, borracha e carne -
comunica-se pelos elos de uma corrente,
guiado por uma mente transgressora e destemida.
sem medo da morte.

"live fast, die young"
como eu.

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